Pela primeira vez, a riqueza produzida em Portugal num ano já não chega para pagar as dívidas externas. Em 2009, o endividamento atingiu 111% do PIB.
O endividamento do país ao exterior continua galopante: no ano passado, mesmo que fosse utilizada toda a riqueza produzida para pagar as dívidas contraídas lá fora, ela não seria suficiente para levar o saldo a zero. A conclusão resulta dos dados divulgados ontem pelo Banco de Portugal.
O défice da posição de investimento internacional de Portugal - um bom indicador para medir a dívida externa do país - atingiu os 111% do PIB em Dezembro de 2009. Já em 2008 o peso das dívidas no total de riqueza produzida tinha ficado muito perto dos 100%, mas esta foi a primeira vez que se ultrapassou esta barreira.
"É o reflexo da fraca competitividade externa: para manter um determinado nível de vida, o valor acrescentado gerado internamente não foi suficiente", segundo Paula Carvalho, economista do BPI.
"O desequilíbrio resulta sobretudo da falta de competitividade da economia portuguesa que se reflecte no défice da balança de transacções correntes", acrescenta José Reis, economista e professor da Universidade de Coimbra.
De acordo com os números, o Estado é o maior responsável pelo desequilíbrio face ao exterior.
No ano passado só em emissão de dívida de longo e de curto prazo (sobretudo obrigações e bilhetes do Tesouro e certificados de aforro) as administrações públicas hipotecaram 56,1% do produto interno bruto (PIB). O total dos passivos públicos atingiu 97,7 mil milhões de euros - mais 11% do que a dívida detida em 2008.
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