segunda-feira, 26 de março de 2007

"Estudar?Sim...mas onde?!"



Decorreu no dia 23 de Março, às 22H, na Residencial Frei Agostinho da Cruz a tertúlia "Estudar?Sim...mas onde?!", organizada pela Juventude Social Democrata (JSD) de Ponte da Barca. O painel de oradores foi constituído por diversas personalidades com especial ligação à educação, nomeadamente, o Dr. Abel Baptista, Deputado da Assembleia da República e Presidente da Comissão Parlamentar Comissão de Educação, Ciência e Cultura, o Dr. Augusto Patrício, Inspector de Educação e o Dr. Rogério Correia, Professor e Dirigente do Sindicato dos Professores do Norte (SPN). A Tertúlia contou como moderador José Alfredo de Oliveira, Presidente da JSD de Ponte da Barca.



Com a Tertúlia "Estudar?Sim...mas onde?!", pretendia-se discutir o estado da Educação no plano local e nacional, em obediência a princípios de da democraticidade, transparência, abertura ao exterior, pluralidade de opiniões, participação e responsabilidade dos cidadãos e da sociedade em geral, com vista à identificação de medidas conducentes à melhoria da Educação.


O foco principal desta Tertúlia foi e é a melhoria da Educação, não o seu passado, mas sim o seu futuro, procurando centrar a reflexão em torno de um conjunto de áreas temáticas que podem dividir-se, por sua vez, em diferentes temas como a Educação e Cidadania, a Qualidade e Equidade da Educação, as Escolas, os Alunos e os Professores são a esperança de construir o futuro.


Começou por usar a palavra o Dr. Abel Baptista, que começou por enunciar os principais resultados do "Debate Nacional da Educação", promovido pela Assembleia da República e pela Comissão Parlamentar a que presidia, por ocasião dos vinte anos da Lei de Bases do Sistema Educativo (1986-2006).

"Estes vinte anos corresponderam a tempos de grandes mudanças sociais e políticas, com fortes repercussões no campo da educação e, mais particularmente, na educação escolar, no entanto não justifica o facto de ter praticamente desaparecido a imagem da «Escola Pública de Qualidade»".

Considerado por alguns como sinal claro da maturidade da democracia portuguesa, a «Escola Pública de Qualidade" deve continuar a ser uma figura presente e não apenas teórica.

Referiu ainda que a ideia de que os Centros Escolares são uma boa aposta "mas quando pensados para grandes áreas metropolitanas e pensados a longo prazo", sendo o "caso" de Ponte da Barca um caso de má gestão e má preparação a longo prazo, sendo objectivo claro de utilizar esta reforma como ponto forte de futura campanha eleitoral.

"O melhor modelo de administração escolar é o que é utilizado nos E.U.A, o modelo das «efective schools», pois através deste modelo há uma concretização do direito à educação" afirmou o Dr. Augusto Patrício, Inspector da Educação, Na sua intervenção, deu a conhecer alguns dados que comprovaram a ineficácia dos centros escolares, e mesmo das graves falhas do ensino em Portugal, tais como a muito pequena taxa de aprovação ao longo dos vários ciclos do ensino. "Por exemplo, se entrarem cem no primeiro ano do primeiro ciclo, os alunos que nunca reprovam e obterem êxito até ao último ano do secundário são em média apenas doze! E isto na área das humanidades. Já quando se trata da vertente científica, a taxa de sucesso é de apenas 6/7 alunos!".

Tais dados mostram que de facto algo vai mal no Ensino em Portugal, e a culpa "não é dos professores, não é dos alunos, não é dos pais, a culpa é dos políticos que em nada contribuem para o sucesso do ensino, pois há em todos os Ministros da Educação uma certa «fobia» ao estado do ensino, e tem por isso de reformar e reformar o que esta a ser reformado...".

O Dr. Rogério Correia, do SPN veio desvendar a actual situação dos professores com a actual reforma do Estatuto da Carreira Docente, que em muito "irá afectar a qualidade do ensino em Portugal", pois é "dever da autoridade pública promover igualdade e não o contrário".




Combateu a ideia de que a Escola Pública não é má "mas a sociedade em geral prefere o ensino privado. Porquê? Ora, se os professores são os mesmos, os alunos também, e as notas são muito melhores no privado que no público, é porque algo de estranho se passa, nomeadamente o inflacionar notas finais para melhor classificação do aluno nas faculdades e para melhor posicionamento da escola no "ranking" de melhores escolas". Posição a que os outros oradores fizeram questão de se mostrar solidários, nomeadamente para com os professores, classificando a actuação da Ministra da Educação como "inexplicável" e "desumana".



Ao encerrar, o Presidente da JSD de Ponte da Barca agradeceu a presença dos oradores e expôs a posição da JSD: " Sem perdermos tempo com falsas questões, o nosso objectivo é bastante claro: que Ponte da Barca possua um ensino de qualidade, de futuro, de grande notoriedade, para que com isso os nossos estudantes tenham maior segurança num mercado de trabalho cada vez mais exigente e cada vez mais competitivo.

Para o conseguirmos precisamos de todos, e só com a participação de todos é que podemos colmatar as lacunas que afligem a educação portuguesa.
Por isso a JSD de Ponte da Barca organiza estas iniciativas, para que se discuta e análise ao pormenor temas que constituem princípios base do desenvolvimento e progresso seguro de um concelho, de um país, de uma sociedade justa.

No entanto, é à juventude que faço maior apelo, para que exponha as suas ideias, que empregue o seu dinamismo e iniciativa em causas nobres, nomeadamente com a educação.

Faço apelo para que se façam ouvir, para que participem no associativismo da escola ou faculdade, sendo por certo que, ao que nos concerne, a JSD estará sempre pronta para ajudar, pois para nós o ensino não é secundário!

Por isso estivemos aqui, para esclarecermos a confusão da fusão e a fusão da confusão"