sexta-feira, 17 de julho de 2009

Uma igualdade de oportunidades*

"As sociedades ocidentais têm um fundo igualitário. Todos somos iguais perante a lei e não existem diferenças de estatuto social estabelecidas por lei (como nas sociedades aristocráticas). No entanto, já passou o tempo do igualitarismo ingénuo, aquele que acreditava que podíamos ser todos iguais, não só perante a lei como também no rendimento. E também já chegou o tempo em que muitos de nós nos perguntamos se a plena igualdade é um objectivo louvável.

Uma sociedade em que todos fossem iguais não seria demasiado homogénea? E não será que tornar todos iguais não seria premiar da mesma maneira aqueles que têm talentos e capacidades diferentes? E que esse prémio seria um desincentivo à criatividade e à busca da excelência: porque me vou esforçar se, no final, obterei o mesmo prémio de alguém que nada fez?Talvez então o conceito relevante para a sociedade actual seja o de igualdade de oportunidades. A todos devem ser dadas, tanto quanto possível, oportunidades idênticas para oferecerem o seu contributo à sociedade.

Também sabemos que a plena igualdade de oportunidades não é possível: alguns nascem em famílias mais ricas, outros em famílias mais cultas, outros têm pais melhores e mais atentos. E será que também quereríamos eliminar todos estes aspectos de desigualdade à partida? Mesmo sendo fonte de desigualdade, é certamente meritório que as famílias transmitam valores e saber de uma geração para a outra.

No entanto, o objectivo da igualdade de oportunidades, mesmo se impossível de atingir na sua plenitude, deve continuar a ser perseguido da melhor maneira possível. Quais os instrumentos mais adequados para lá chegar? A educação? A saúde? A redistribuição social?"
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*Maria José Nogueira Pinto
Professora Universitária

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